terça-feira, 3 de abril de 2012

Trabalho e Consciência de Classe


RESULTADO FINAL DA PESQUISA-CAMPANHA/2011
                                             TRABALHO E CONSCIÊNCIA DE CLASSE


CAPA e ILUSTRAÇÕES


Manifestação de trabalhadores unidos em busca de um mundo melhor.

PARTICIPAÇÃO, MOBILIZAÇÃO, CAMARADAGEM, SOLIDARIEDADE. Acrescentar LIDERANÇA: sem uma boa liderança não se consegue desenvolver a organização.

Chama atenção a palavra mobilização porque a categoria da Educação se reúne todos os anos para reivindicar seus direitos. A mobilização das diversas categorias tornou-se rara e menor a participação devido às atuais condições de trabalho: quem tem emprego, está com medo de perdê-lo, ou correndo de um para outro a fim de complementar seu pequeno salário. Por outro lado, categorias que não tinham costume de se mobilizar o fazem hoje.

VER - SINAL DE ALERTA: é preciso estar atento aos acontecimentos.
JULGAR – BALANÇA: por quê? O que é bom? O que é ruim?

VER
1.      Como você percebe o fato apresentado?
       – Quem/como  é Angélica?
a)      Alienada, acomodada: sem consciência de classe e de  seus direitos.
b)      Não acredita em seu poder de transformação nem na organização.
 A hora extra é tão comum hoje que se torna normal: o empregado é pressionado pela chefia.

2.  O que significa o trabalho em sua vida? E para a vida de seus/suas colegas?

TRABALHO –
        Pão, sustento de cada dia; satisfação, responsabilidade; sonho; alegria; necessidade      humana; meio de construir um futuro mais promissor; caminho para conquista de direitos; solidariedade entre pessoas; independência.
      O trabalho significa o sustento da família, a sua sobrevivência e um suporte financeiro para se fazer uma faculdade, comprar um carro , como  também a realização e concretização dos nossos projetos de vida.
O TRABALHO ENGRANDECE E DIGNIFICA O HOMEM, MAS
Hoje, as principais motivações para trabalhar são o consumo e o dinheiro.
Para os não vocacionados, ou quando não veem  resultados, o trabalho vira castigo.
Constata-se elevado número de desempregados jovens e de meia idade.
Trabalhadores sentem vergonha do que fazem e do registro na carteira de trabalho não qualificado.

3.      Como são suas relações de trabalho com o/a patrão/patroa; com o/a  chefe; com os/as colegas?
A relação deve ser boa, amigável, respeitosa e de confiança, porque passamos mais tempo no trabalho do que em casa.
Há amizades, porém muitos conflitos: medo, individualismo, competição: falta solidariedade entre colegas e das chefias. ( Os que lutam por melhores condições de trabalho não recebem apoio dos colegas e sofrem represálias dos patrões).
     
Os(as) patrões( patroas) costumam ser autoritários e manipuladores; fazem pressão psicológica (também colegas).
 E tem horas extras, banco de horas: a longa jornada dificulta a organização. Tem também terceirização, empreendedorismo.
 Há muito sofrimento, adoecimento e preconceito.

4.      Você e as pessoas que o/a rodeiam estão felizes no trabalho que realizam?
a) AS PESSOAS ESTÃO REALIZADAS E FELIZES QUANDO GOSTAM DO QUE FAZEM,      RECEBEM SALÁRIO DIGNO E TÊM SEUS DIREITOS RECONHECIDOS.
b) É frequente a insatisfação: trabalha por necessidade ou obrigação, sem ser vocacionado(a); não valorizado(a): a pessoa e seu trabalho; falta incentivo, qualificação; condições adequadas de funcionamento.
c) Há os que são felizes simplesmente porque trabalham. 
JULGAR
1.      O trabalho deve deixar feliz a pessoa que o realiza? Por quê?
DEVERIA!
Deve sim, porque o trabalho é a ferramenta mais eficaz na socialização do mundo;
porque rende mais, se realiza como pessoa, como trabalhador e ser humano;  torna- se livre e eleva sua autoestima; porque temos contato com outros trabalhadores e conseguimos suprir demandas.
Quando não estamos felizes passamos isto para as outras pessoas.
2.      As melhorias das condições de trabalho dependem de quem? E de quê?
a) Dependem dos investidores (patrões) – responsáveis pela exploração, carga horária, baixa remuneração, não qualificação, desvalorização ; dos banqueiros, políticos latifundiários, governo.
b) Depende de  toda a classe trabalhadora e de cada um de nós – transformar a sociedade em ambiente justo e igualitário.
Da organização; da consciência de classe; de nossos compromissos; do diálogo;        e de fazer parte da produção;.
De um conjunto de ações de todos os envolvidos.
JULGAR  EVANGÉLICO
Em Nazaré, sua terra, Jesus começou a ensinar na sinagoga. As pessoas, admiradas, diziam: “Onde foi que arranjou tanta sabedoria? Esse homem não é o carpinteiro?’ (conf. Mc 6).
Esta passagem evangélica nos diz que Jesus tem uma missão e que este Carpinteiro tem muita sabedoria.

3.   A Classe Trabalhadora tem, também, sabedoria e uma missão a cumprir? Que missão? Como? Por quê?
A consciência se forma e se forma por etapas: todos passamos por etapas.
Jesus também passou por etapas: primeiro aproximou-se dos doutores, dos fariseus; depois pensou que viera para os israelitas, por fim entendeu que sua missão era salvar toda a humanidade.
A sabedoria vai muito além da tecnologia.
Antes de ter consciência de classe é preciso ter consciência cidadã.
O mundo do trabalho é cruel, sem espiritualidade.
O trabalhador cristão, pelo sua conduta, mostra que o modelo consumista não é bom, que muitos trabalhadores são vítimas dele e manipulados.
O capitalismo afastou o povo do mundo do trabalho quando fragmentou o processo de produção para atender a demanda de mercado: o operário não tem mais prazer de criar.
O trabalho quando realizado em condições adequadas torna-se resgate da criação de Deus e promove a vida em plenitude.
A maior crise não é financeira, é do modo de viver: na imitação das nações ricas nos tornamos consumidores.
Há uma desvalorização do trabalho, não se leva em conta a qualidade, mas a quantidade da produção: necessário ver nele a realização pessoal e as relações humanas.
Pela organização podemos usar a sabedoria para ajudar os menos esclarecidos a enxergar sua missão.
O sindicato tem de ter compromisso com a categoria.
A igreja deveria informar sobre a importância da organização.
Educação: a escola se preocupa mais com a didática que com o social.
Sociedade anônima, fundos de investimentos são manobras patronais que dificultam as relações de trabalho.
Jesus nos ensina a lidarmos com situações até complicadas: ter capacidade para, ter clareza e  senso de justiça.
A sabedoria está dentro de cada um; a organização pode ajudar a descobri-la.
A sabedoria pode ser usada positiva ou negativamente – hoje há muita malandragem, pilantragem de ambos os lados.

      a)_MISSÃO da CLASSE:
- comprometer-se com ela; colocar-se a serviço;
- valorizar o trabalho (Realização pessoal e humana);
- trabalhar a consciência cidadã e de classe;
- avaliar a conjuntura;
 - cuidar da criação; vencer o capitalismo;
- levar a classe a entender que tem poder.
b)  MISSÃO PESSOAL (INDIVIDUAL)):
- estar a serviço;
- cobrar e conquistar direitos, cumprir deveres;
- fazer em nome de Jesus;
- executar bem o seu trabalho;
- buscar conhecimentos;
- buscar melhorias;
c) COMO:
- através de ação sindical; dos movimentos sociais; dos órgãos competentes.
d) POR QUÊ?
É importante assimilar os novos recursos, os métodos e processos no exercício da função.                 Pela união tentaremos realizar o projeto de Jesus.
Precisamos fazer a nossa parte.              
               
 DESAFIOS
Quem são os poderosos hoje?
Quem são os adolescentes?  A juventude busca sabedoria?
AGIR
1.      Depois de refletir a situação dos trabalhadores e da Classe trabalhadora, hoje, como devo cumprir a minha missão, como indivíduo?
2.      - Cuidar do meu corpo: ter uma alimentação saudável, fazer exercícios físicos.
- Cuidar  do meio-ambiente.
- Inserir-me em movimentos sociais e populares.
- Participar do sindicato da categoria.
- Trabalhar com transparência e responsabilidade.
- Respeitar o outro, dar testemunho.
- Divulgar o valor divino do trabalho.
- Na família: distribuir e realizar tarefas de forma igualitária.
- Ser companheiro(a), amigo(a), parceiro(a).
2.  E coletivamente? Seja na comunidade, na associação de moradores, no sindicato, etc.?
- Divulgar nosso movimento .
- Investir na formação - trabalhar na conscientização dos trabalhadores.
- Participar da organização e na reivindicação de direitos dos trabalhadores.
- Festejar a vida.
- Estudar mais os ensinamentos de Jesus.
- Cobrar e exigir políticas públicas.
- Reinventar o mundo do trabalho.
- Lutar pelo direito de usufruir dos bens que produzimos.
- Realizar seminário sobre o tema em parceria com outros movimentos.
- Realizar debates sobre o tema.
- Incentivar o consumo consciente.
3.  No seu espaço de trabalho é possível propor alguma ação para garantir melhorias?  Qual? Ou quais?- Buscar algo novo no ambiente de trabalho.
             - Estar aberto(a) para o outro,  ser solidário(a).
 - Realizar ações para conhecermos nossos direitos.
DESAFIOS
           - A terceirização, organização das microempresas  e dos empreendedores.
           - Atuar nas reformas: Política, Previdenciária...
- Renovar quadros dos sindicatos e de partidos.
COMENTÁRIOS GERAIS
“O FUNDAMENTAL É COOPERAR.”
(Frase copiada de uma camisa de uniforme).
Constata-se que a pressão sobre o trabalhador hoje é a mesma do tempo do filme “tempos Modernos” com a diferença que atualmente elitizam a classe operária substituindo o termo trabalhador por colaborador, sócio ou associado e outros. As empresas percebem que o empregado bem tratado rende mais e ainda conseguem dividir os colegas com sistemas como do “trabalhador-padrão” que também é exploração.
A grande maioria dos trabalhadores simplesmente acha que a luta por direitos não adianta, não acreditam no seu poder de transformação e não querem ser protagonistas da história da classe trabalhadora. Contudo a luta em busca de melhorias continua.
Os empresários investem no lado social, na participação do trabalhador como colaborador, mas não dividem o lucro. As empresas só visam o lucro.
Os sindicatos, a CUT, estão estagnados, quem está no poder está acomodado; até omite  mudanças pelas quais o trabalhador espera.
Passamos a maior parte do  tempo no local de trabalho, portanto, é nesse espaço  que temos de nos construir, nos realizar como trabalhador(a), como militante do MTC, como cidadão/cidadã e, como cristão.
Conceito de classe hoje muito indefinido, depende do parâmetro usado: a partir da renda, do nível cultural, por exemplo.
Para entender para quem trabalha, por que trabalha, o que produz a quem beneficia o trabalhador precisa buscar formação.
Há uma geração sem consciência crítica como consequência dos anos de supressão da liberdade que o Brasil viveu.
A solidariedade entre os trabalhadores é de suma importância para a vivência diária e na busca e conquista de direitos.
Os conflitos no ambiente de trabalho são inevitáveis.
A classe trabalhadora tem uma missão a cumprir, mas muitas vezes não tem  consciência disto.
O trabalho precisa ser valorizado e o trabalho manual mais especificamente.
Os trabalhadores não têm acesso à Saúde e Educação de qualidade.
Os movimentos populares enfrentam o desânimo da sociedade pela falta de respaldo do Estado.
AVALIAÇÃO
Os militantes do MTC mostraram a importância do tema “Trabalho e Consciência de Classe”; afirmam que temos a missão de promover a formação da classe trabalhadora, no entanto, o movimento permanece fechado em si mesmo.
Não foram apresentados os números, poucos são os informes a respeito, porém, dos relatórios pode-se deduzir que a participação de não militantes foi mínima.
O grande desafio colocado para nós é como sair para fora, levar a reflexão e o debate até um grande número de pessoas. Despertar o outro(a)  para a vivência solidária de uma luta coletiva por um outro mundo, segundo Jesus Cristo, de JUSTIÇA E PAZ, onde cada trabalhador(a) tenha vida em plenitude.
Comissão Nacional
MTC BRASIL

GRUPO MARIA DAS CORES























Fotos























 

A luta por Moradia

A luta por Moradia
Maria Oneide Castelo Branco Cruz Militante do MTC da cidade de Teresina (PI).


Um grupo de trabalhadores e trabalhadoras de várias entidades e de igreja, preocupados com a situação de muitas famílias que não foram contempladas com o programa habitacional seja no nível municipal, estadual e federal, resolveram se mobilizar para tentar minimizar este problema, pois aqui em nossa cidade (Teresina - PI), existem muitos terrenos desocupados sem função social.
Fizemos várias reuniões para mobilizar as famílias sem teto e planejar as ações para o dia da ocupação.
Dia 12 de agosto de 2011 precisamente às 20 horas de vários bairros da cidade de Teresina (PI), saíram ônibus levando as famílias até um local próximo ao terreno e a meia noite seguimos todos em caminhada até o local. As 2.500 famílias e um carro de som na frente com músicas de luta foi a coisa mais bonita como há muito tempo não víamos . Ao chegar no local cada um tratou de limpar seu pedaço e fazer logo um barraco.
No dia seguinte aconteceu um episódio triste pois a pessoa que se diz dono do terreno mandou para lá uns 20 homens armados o que nós chamamos de capangas, eles pegaram um de nossos companheiros da organização e espancaram muito. Quando as mulheres perceberam começaram a atirar pedras nos capangas e daí começou um tiroteio. Nestes momentos todas as famílias se reuniram na luta com as armas que tinham ao seu alcance como pedras e paus; daí os capangas recuaram. Logo a polícia chegou e contornou a situação. Com todos esses acontecimentos as famílias não desistiram e continuam firmes lutando pela posse da terra já com uma liminar a favor dos assentados.
Para nós já foi uma vitória a resistência do povo . Por isso o Padre Ladislau batizou o local como Morro da Vitória. Onde aconteceram reuniões e futuramente será construída uma igreja.
Por isso companheiros não desanimem, com esta ação podemos perceber a coragem de um povo quando luta em conjunto por um sonho que é o sonho da casa própria.
Nesses momentos podemos perceber como a solidariedade de vários movimentos da igreja, dos sindicatos, dos padres, de freiras de associações de moradores e MTC, podem acontecer bons resultados.
Terminamos esta pequena matéria com essa estrofe da música: EuQuero Ver Acontecer
Sonho que se sonha só. Não pode ser pura ilusão,
Sonho que se sonha juntos
é sinal de solução.
Então vamos sonhar companheiros
sonhar ligeiro – sonhar em mutirão.
Um grande abraço a todos aqueles que fazem o MTC.

Comitê Lagoa do Norte

Comitê Lagoa do Norte
Equipe do MTC- do Poti Velho - Teresina (PI)

O comitê Lagoa do Norte é formado por entidades e movimentos sociais, e criado com o objetivo de cobrar a construção e fiscalização das obras do projeto Lagoa do Norte, ao mesmo tempo formado por treze comunidades da zona norte de Teresina no PI. Foi através de varias lutas e solicitações por saneamento básico na zona norte de Teresina que se originou da capital.Esta é uma área que se encontra esquecida pelas autoridades do estado do Piauí, e que merece uma maior atenção por parte dos governos por ser uma área de risco e existir muitas pessoas residindo nas margens das lagoas existentes nesta área.

A partir das cobranças da população e dos movimentos sociais, conseguiu-se que as obras do projeto Lagoa do Norte iniciassem. Com isso, houve aumento de quantidade de bombas com o objetivo de puxar a água das lagoas para os rios mais importantes das cidades: Poti e Parnaíba.

Com esse projeto a população está sendo beneficiada com os seguintes serviços: ampliação de ruas e da rede de energia elétrica e de benefícios na parte cultural e esportiva como a reforma do teatro do boi que atende jovens e crianças participantes de atividades culturais e reforma das quadras de esportes e praça das comunidades da zona norte.

Mas foi através de uma audiência pública na Câmera Municipal de TeresinaPI, que as lideranças e a população da área cobraram agilidade nos serviços do projeto Lagoa do Norte, citados acima, que beneficiariam as comunidades locais, nos quais esses serviços encontravam-se parados.

Essa audiência não foi suficiente para chamar atenção das autoridades. As lideranças juntamente com a população tiveram que buscar diretamente o Prefeito da Cidade Elmano Férre a participar de uma reunião na Escola Municipal Dílson Fernandes, para cobrar a retomada das obras; assim foi obtido êxito através das reclamações e colocações direcionadas ao Prefeito sobre a paralisação das obras. Depois desta reunião as obras foram retomadas e estão hoje sendo executadas segundo o Projeto Lagoa do Norte.