“MTC – JOVEM “– Contagem – MG
Pe. José Ferreira Filho, Assistente Nacional do MTC
A temática dos programas de Formação do MTC Nacional em 2009 e 2010 foi uma enorme PROVOCAÇÃO para as equipes de base do MTC.
Espalhadas nas 8 regiões deste imenso Brasil. Os temas trabalhados foram JUVENTUDE EM PLENITUDE (2009) E NOVAS TECNOLOGIAS (2010).
Os temas nos provocaram porque somos um movimento essencialmente composto e voltado para um público de pessoas adultas. Além disso, constatamos um evidente envelhecimento dos (as) militantes atuais.
Fomos provocados a ver em nosso Mapa de Relacionamento quantos (as) jovens estão presentes em nosso dia a dia familiar, comunitário, social e escolar. Somos pessoas maduras e idosas, mas estamos rodeados de muitos jovens o tempo todo.
Sentimos que raramente conversamos com os jovens sobre coisas importantes da vida como Família, Trabalho, Educação, Religião, Política, Afetividade, Sexualidade etc. Constatamos que há uma distância “alienante” entre adultos e jovens sobre estes e outros temas fundamentais para a vida e para o futuro da humanidade. E nos perguntamos: o que podemos e devemos fazer para partilhar com a juventude? O que sabemos e aprendemos ao longo de tantos anos de lutas e experiências? Como podemos dialogar com os jovens sobre temas tão importantes para todos?
Fomos mais provocados ainda quando vimos que as “Novas Tecnologias” trouxeram mudanças enormes e continuam trazendo mudanças constantes em todos os setores da vida humana. Percebemos que muitos (as) dos (as) militantes ainda não possuem e não sabem usar novos equipamentos como a Internet por exemplo.Tudo isso tem enormes conseqüências na vida dos(as) trabalhadores(as).
Por outro lado os jovens gostam e têm uma enorme facilidade de lidar com as Novas Tecnologias embora uma grande parcela da juventude pobre e trabalhadora ainda não tenha acesso a uma capacitação adequada no uso da informática.
Foi assim que a EQUIPE RECRIAR do MTC de Contagem, MG teve a ousadia de chamar, convocar jovens para debater, discutir, partilhar os temas da Pesquisa Campanha de 2009 e de 2010: “ Juventude em Plenitude” e “Novas Tecnologias”.
Realizamos vários encontros sempre usando de modo bem adaptado o método “VER, JULGAR E AGIR”. Nossa Equipe é formada por 6 militantes: 5 adultos e um jovem( Lindomar).
A presença do jovem Lindomar foi decisiva para o nosso trabalho com os (as) jovens.
Nos vários encontros chegamos a atingir entre 20 e 30 jovens.
Alguns participaram ativamente do Seminário Regional MG.
Um grupo de cerca de 8 jovens permaneceram em sintonia conosco. Esse grupo tirou como AGIR: “LEVAR ESSA EXPERIÊNCIA A OUTROS JOVENS”. “Não podemos guardar isso só para nós”
O primeiro AGIR desse grupo chamado “MTC –JOVEM”, deu-se no dia 27 de março de 2011 com um grupo de 32 jovens que irão receber o Sacramento da Crisma no próximo mês de maio de 2011 na Paróquia Cristo Salvador de Contagem que é animada pelos Padres do Trabalho.
O grupo teve o apoio da Equipe Recriar do MTC e de uma militante adulta da JOC( Carmem) . Mas a preparação e a execução foi quase toda realizada por eles (elas) próprios (as). Agora teremos uma avaliação pedida por eles mesmos que querem prosseguir. Assim o desafio continua. Os jovens da Crisma ficaram muito entusiasmados e pediram mais encontros semelhantes.
REVISÃO DE VIDA
Equipe de Coordenação Regional do MTC São Paulo
VER
Evento realizado na Câmara municipal de Mauá em 17/12/2010, pelo Centro de Memória e Resistência do Povo de Mauá e Região, em memória dos desaparecidos políticos do governo militar a partir de 1964.
Estiveram presentes: os prefeitos de Mauá (PT), Ribeirão Pires (PV), vereadores de Mauá, varias entidades, dentre elas o MTC, na presença de Pe. Bernardo, Cristóvão, Rejane, Elias e Gilda, sendo que Gilda é tesoure ira do Centro, Elias e Pe. Bernard integram o grupo de apoio. O plenário estava composto de cidadãos de Mauá, Diadema e região do ABC.
Houve depoimentos de familiares de presos políticos desaparecidos, há 40 anos, muitos deles mortos, houve testemunhos de sobreviventes da ditadura. Notamos a falta da igreja institucional atual - tão presente e atuante, na época da ditadura, - porém pela presença do pe. Bernard e do representante do pe. Rubens, de militantes do MTC e representantes de Organizações de Direitos Humanos, como ACAT-Brasil, Justiça e Paz, e vários outros, não confessionais, que lutam pela liberdade, justiça, defesa da vida e democracia no país, sentimos a igreja viva presente.
JULGAR
Muitos militantes cristãos e não cristãos, deram a vida pela causa da liberdade.
Foi um ato coletivo de consciência de classe.
Os testemunhos que foram dados, não eram de rancor, mas sim no sentido de luta pela defesa da vida e pela libertação da repressão, ontem na ditadura e das lutas operarias, hoje, ainda, mesmo em período de volta à democracia, 40 anos depois, com o aumento de centralização do capital em poucas mãos, em nome de uma economia global. As circunstancias políticas são outras, mas os desafios são os mesmos.
A consciência de classe nasce nas pessoas, naquelas que sofreram da ditadura, e naquelas, representadas pelas jovens gerações de hoje, que precisam saber da historia e vão descobrindo que também são chamadas à luta. Essa consciência de classe não pode deixar ninguém de lado. Jesus Cristo a descobriu muito cedo na fase humana de sua vida; ela está dentro de nós.
Passamos a aprofundar o julgar:
As mensagens que Deus nos deixa permanentemente são de solidariedade, procura de justiça, amor, compreensão, perdão, cuidado com todas as coisas, com todos os nossos companheiros, com todas as pessoas principalmente as mais sofridas, Lá percebemos que fazemos parte de um todo, tomamos consciência concretamente do desvio de valores e comportamentos, como o consumismo privilegiando alguns e excluindo a maior parte da população global. Pelo silencio, pela oração, pela escuta de nosso ser mais profundo, a traves do “ponto Deus”, podemos re-situar nossa liberdade, acolher o bem e recusar o mal, decidir de nossa orientação de vida, nos converter e nos sintonizar com todos os nossos companheiros de trabalho e de vida, nos organizar e criar novas formas de luta, para um “reino de Deus de justiça e solidariedade que já começou”.
A história da humanidade não volta para traz, no mundo nosso que é de Deus, há sempre avanços, progressões, evolução para melhor, apesar de novas ameaças de guerras, ditaduras, praticas de torturas, e de repressões, calamidades causadas pela natureza ou pela cobiça de minorias, mais ricas. Deus trilha o caminho da criação e da redenção juntamente com a nossa livre participação.
Alguns desafios a partir desta revisão:
Qual é o apelo para a classe trabalhadora, hoje?
Hoje a necessidade de se ter uma luta por um mundo melhor é latente.
Como fazer?
Como está a educação, a saúde, a segurança?
E a violência em todos os sentidos, como fazer para combatê-la?
E a Igreja neste contexto, onde está?
AGIR
Passar isto para as novas gerações, como?
Programar tempos de reflexões no MTC regional.
Manter os grupos novos e antigos ajudando-os nas reflexões de RVO
Manter os grupos novos e antigos ajudando-os nas reflexões de RVO
Nós do MTC Regional, devemos mostrar nossa solidariedade com o. Movimento que realizou este ato.
Precisamos marcar já, datas para um rodízio de RVO nas equipes do Regional, Cidade e Base para o ano 2011, e a presença de algum assistente, padre ou leigo.
Sempre redigir e enviar experiências para serem publicadas no assumir.
Depoimento de Denilson Marcolino de Lima
Profissão: Motoboy - Militante da Equipe Mario Prigol – Catumbi - RJ
A formação que tenho recebido do MTC desde quando comecei a participar de um grupo - hoje Equipe Mario Prigol no Catumbi, tem ajudado muito a mudar a visão que eu tinha da relação patrão-empregado, das condições de vida na comunidade, saúde, habitação.
Na empresa onde eu trabalho, os funcionários e funcionárias são incentivados a atingir metas para receber comissão, que quase sempre é maior que o salário da carteira. Por isso, muitas das vezes, ocorrem acidentes com os motociclistas porque todos querem mais comissão, não tirando hora de almoço, não se importando com mais e mais horas extras, férias, direitos trabalhistas, principalmente com o recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).
O trabalho de formação me ajudou a descobrir os meus direitos como trabalhador. Fui ajudado a cobrar os meus direitos e ajudar a outros (as) companheiros (as) que se encontravam e encontram-se na mesma situação que eu, levando-os a despertar para uma visão melhor sobre as condições de trabalho.
Na comunidade, é preciso a luta pela melhoria das condições de vida da população. Junto da equipe do MTC descobri que o engajamento para fortalecer as lutas sociais é a base para o bom desenvolvimento das condições de vida.
O aumento das passagens de ônibus: Um desafio a classe trabalhadora Recifense
Valmir Assis – Coordenação de Formação do MTC NE II
Os trabalhadores, trabalhadoras e estudantes da Região Metropolitana do Recife logo no inicio deste ano enfrentamos um grande problema a respeito do transporte público, mais uma vez o Governo estadual (Eduardo Campos- PSB) fica do lado dos empresários de transporte e confere mais um aumento nas tarifas de ônibus, o que faz nossa passagem se tornar a mais cara do Brasil (R$3,10 – vale B). Diante desse desafio nosso Movimento, através do Regional Nordeste II e mais especificamente os militantes que atuam nas Equipes de Base do Recife, assumiram a luta contra este aumento abusivo. Essa atitude de nosso movimento apesar das dificuldades da caminhada nos reaproximou dos estudantes, companheiros e companheiras de caminhada na transformação popular.
É indispensável o acesso ao ambiente de ensino e trabalho por meio de um transporte coletivo que garanta minimamente a dignidade dos seus passageiros. Isso não acontece em nosso Estado. Ônibus são verdadeiras latas de sardinha, pessoas nas Integrações vivem diariamente o caos da falta de gerência “inteligente” do sistema e as viagens de ônibus são alvo de assaltos, e, quanto a essas demandas, pouca coisa foi feita, pois as empresas de ônibus e o Consórcio Grande Recife (sistema de organização de transporte na região metropolitana), Junto ao Conselho de Transportes estadual resolveram aumentar o preço das passagens de ônibus sem considerar a negligência na prestação desse serviço. É do conhecimento geral que as garantias oferecidas, quando aumentos passados foram feitos, não foram cumpridas, tais como o sistema de ar-condicionado nos ônibus e mais segurança. Sendo o transporte coletivo indispensável à garantia de emprego e acesso à escola e universidade, esse não deve ser objeto de barganha dos empresários de ônibus e suas parasitárias “planilhas de custos” que não refletem o que, de fato, é mais urgente: a formação de nossos jovens e a qualidade de vida dos nossos trabalhadores e trabalhadoras depende do direito de transitar nos vários espaços de nossa Região metropolitana com transporte de qualidade e público, quiçá gratuito, como pede a pauta de reivindicações dos vários estudantes mediante um estudo coerente do lucro das empresas de transporte.
Nossa luta ofereceu algo muito pedagógico para nosso Regional: o contato com os estudantes e nosso apoio direto na construção do Comitê Contra o Aumento das Passagens. Nossos militantes - principalmente aqueles que estudam na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco)- participaram ativamente da articulação do nosso comitê em vários momentos e por boa parte da caminhada sediamos em nosso Regional as reuniões e preparações de Atos Públicos. Algumas manifestações ocorreram, mas até agora o Governo Estadual, através de sua Secretaria das Cidades, nas mãos do Senhor Danilo Cabral (que pleiteia a Candidatura a Prefeito do Recife no mesmo partido em que o Governador é Presidente Nacional), não recebeu o Comitê, e fazendo valer a característica de um Governo que não dialoga com a população, enviou sua Polícia Militar para atacar as manifestações, a última foi marcada por tumulto e correria afim de não sofrer as agressões advindas deste órgão de segurança ostensiva.
É do conhecimento dos companheiros e companheiras que a Polícia Civil iniciou uma investigação no intuito de “penalizar” uma representação do Comitê, os velhos “organizadores da baderna” como são tratados aqueles que clamam por justiça. Sabemos que nossos militantes também estão lutando na Paraíba contra este ASSALTO a nosso povo, lá já foram iniciados processos judiciais contra alguns estudantes e ativistas , por isso nosso MTC continua solidário e vigilante ao lado dos trabalhadores paraibanos.
Quanto a nós, buscando a ética espiritual e política proveniente da caminhada de Jesus, somos convidados a levar esse problema para ser discutido em nossas comunidades, trabalhos, organizações, equipes e Igrejas como maneira solidária de não deixar esta opressão sofrida por nosso jovens e trabalhadores e trabalhadoras cair no esquecimento. Certamente nossa indignação nos pede a denúncia profética de que não é o bastante um transporte coletivo, vendo que esse não serve dignamente à população, é preciso um transporte verdadeiramente público. Sem isso, nosso povo continuará a mercê dos detentores do transporte que deveria servir com solicitude ao povo pernambucano e paraibano como em todo nosso Brasil.
Os dois lados da mesa
Marcelino Almeida, Secretário Geral do MTC
Estou há seis anos exercendo função de Assessor do Executivo na Secretaria de Educação do município de Camaçari. Experiência nova de vida e de militância. Isso mesmo, ser governo e ser militante político, está na gestão pública e ao mesmo tempo manter o compromisso com a causa e com a história da classe. Assim tem acontecido nos últimos anos, defendendo interesses do governo e, ao mesmo tempo na defesa dos interesses dos trabalhadores (as).
Como estamos num governo democrático/popular a tarefa acaba, com o tempo, se tornando mais do que interessante, se torna um aprendizado. Aprende-se, por exemplo, a diferenciar o profissional comprometido do descompromissado, o que faz da luta um instrumento de crescimento coletivo e o que se aproveita para levar vantagens. Nas negociações e nas movimentações percebe-se o rancoroso, o raivoso, o direitista saudoso, o oportunista; como se vê também o companheiro que sabe discernir o embate como parte do processo de conquistas, que percebe que há governos e governos. Por aqui a maior disputa não está entre esquerda e direita, mas sim entre esquerda e esquerda, PT, PSTU e PSOL, CUT versus outras centrais, disputa no meio da classe por espaço e por poder, natural numa democracia, mas desde que feita com transparência e com lealdade, caso contrário divide e dá vantagem para a direita conservadora que sempre se apropriou por muitos anos dos governos em Camaçari e região, bem como de toda Bahia.
Mas nos orgulhamos das conquistas políticas na educação que por aqui são percebidas por qualquer um que desembarque nestas terras governadas por gente de formação no campo da esquerda, a infra-estrutura, a qualidade da merenda, o mobiliário, os equipamentos e material didático e, principalmente naquilo que nos diferencia dos governos conservadores, no trato com o trabalhador (a) da educação pautado no diálogo, no respeito as suas mobilizações, na condução da negociação que tem resultado nos últimos seis anos em ganhos significativos do ponto de vista salarial, mas acima de tudo da afirmação política e da cidadania.
Os primeiros passos para melhorar a qualidade da educação por aqui foram dados, muitos outros terão de acontecer. O grande desafio agora é envolver a família, levá-la para dentro da escola afim de que se aproprie da mesma e a entenda como o maior patrimônio da sociedade.
Entrevista com o Grupo Jovens Aprendendo a Construir (JAC) – Maracanã – PA
Mauro Ferreira Monteiro, PA
O Grupo JAC faz parte da Escola Municipal Santa Maria onde trabalha o Professor Mauro Ferreira, militante do MTC – Vice-Diretor da Escola
Conhecer e fazer parte de um grupo do Movimento de Trabalhadores Cristãos foi muito importante. Fomos convidados para participar de uma reunião de agricultores da vila, que tinha por objetivo organizar uma Cooperativa. As reuniões aconteciam sempre com a presença da Sra. Raimundinha, Antonia e Chico Nunes, militantes do Movimento (MTC) que aos poucos foram mostrando a importância do trabalho coletivo, das experiências com outros grupos e, principalmente, o reconhecimento da importância da classe trabalhadora na conjuntura política, social e econômica.
Depois que começamos a participar do MTC, muitas mudanças ocorreram nas nossas vidas, na família, na comunidade e no ambiente de trabalho. Passamos a ver o mundo de uma maneira diferente. Apesar das dificuldades, percebemos que existem muitas pessoas que se preocupam com os problemas mundiais e fazer parte desse grupo de pessoas é gratificante. Sentimos que, de certa forma, estamos contribuindo um pouco quando servimos de agentes multiplicadores das coisas que aprendemos. As reflexões sobre os temas ajudam muito na formação do trabalhador e servem de embasamento para as discussões e reflexões sobre os problemas que acontecem no cotidiano da comunidade.
Ao formar o grupo JAC (Jovens Aprendendo a Construir) aqui na vila de Stª Maria do Km 26. Maracanã-PA, passamos a perceber que os jovens que fazem parte da nossa comunidade, começaram a se conscientizar e a se envolver mais com os problemas que a comunidade enfrenta.
Então, para nós, em contato com o movimento está sendo uma grande experiência, pois convivemos e trabalhamos com os jovens. E trabalhar com essas pessoas do Movimento é participar dos encontros tanto aqui quanto em outros locais, tem sido uma experiência muito boa. Alguns do grupo participaram do Seminário Nacional em Minas Gerais. Foi um convite que não esperávamos e demoramos a acreditar.
Hoje vemos que valeu a pena a participação de um delegado, pois estar com todas aquelas pessoas de culturas diferentes, foi um conhecimento a mais adquirido e isso não tem preço. E o companheiro que participou trouxe para o grupo um pouco do que aprendeu lá. Desde que estamos participando do grupo e do movimento, coisas boas aconteceram para a nossa Comunidade. Então, espero que continue assim neste novo ano que se inicia.
Muito obrigado ao MTC e a todos que fazem parte dele, e as organizações que fazem com que o movimento se mantenha e cresça muito mais.
Somos gratos pela oportunidade que temos de estar neste Movimento.
Recicladores do Vale dos Sinos, RS
Depoimento do Cereneu Baierle da Equipe Integração, RS
Eu aprendi muito dentro do MTC. A minha forma mais pacífica de lidar com as coisas eu aprendi no MTC. O Movimento é muito importante para a formação. Ajuda a refletir, analisar, lidar com as pessoas de modo diferente.
Tenho enfrentado muitas dificuldades financeiras. Dificuldades pela minha maneira de ser intransigente. Sou muito exigente comigo mesmo. Sinto necessidade de formação. Tive que reduzir o meu engajamento por causa do trabalho. Quero voltar a estudar, estão estruturando um grupo de EJA (Educação de Jovens e Adultos) no Bairro. Por isso vou voltar a estudar.
Também a construção da Cooperativa Univale de Reciclagem foi uma vitória em 2010: começamos do nada, no início do ano e fizemos um caminho por conta própria. Tenho muita alegria com a Univale, é um projeto coletivo de organização dos recicladores.
Na Univale, temos cuidado para garantir a autonomia da Cooperativa – não aceito cargos políticos para ganhar vantagens, dinheiro para a Cooperativa. Sem renda não dá para sobreviver. Mas sinto que é muito importante o lado espiritual das coisas; é necessária a formação. O grupo da Cooperativa é muito deficiente, não opina, são manipuláveis. Existem muitas dificuldades nas relações internas, muita manipulação e seleção das pessoas...Um dos dirigentes xingou a mulherada... Isso não é possível. Tem que ser franco, educado, tratar com respeito.
A Univale é reconhecida como a entidade que mais cresceu ali. E está na mira para ser usada... A falta de informação das pessoas faz com que sejam manipuladas. Tenho que estar atento para a transparência no uso do dinheiro da Cooperativa também.
Fiz a coordenação da campanha eleitoral na comunidade e o trabalho foi razoável. Mas eu tenho muitas dificuldades nas relações com o Partido. Muitas pessoas pensam que você é propriedade deles – do partido, dos movimentos – e eu não aceito essa manipulação das pessoas.
Estou num momento de decisão. O grupo precisa de ajuda para entender a melhor forma de gestão. E o MTC pode ajudar muito mais nisso, para as pessoas saberem melhor o que é economia solidária.
Cotização questão de hora e de fé
Reginaldo Veloso, Assistente Regional NE II
Somos um Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras. O Movimento somos nós.
Nós, trabalhadores e trabalhadores é que nos movimentamos. A gente se movimenta, se mexe, em busca dos interesses da Classe Trabalhadora. Não somos marionetes, bonecos de mamulengo. Não é ninguém que bota a gente para fazer as coisas, ninguém nos controla, ninguém nos usa para seus interesses, estranhos aos interesses da Classe Trabalhadora.
A gente se movimenta por própria conta.
Por uma questão de honra, de dignidade, de autonomia, de liberdade, não vivemos atrás das esmolas de ninguém, não dependemos de ninguém fora da nossa própria Classe.
Contamos apenas com a solidariedade dos companheiros e companheiras, de perto e de longe, que, por acaso, estiverem em condições de nos ajudar, se precisarmos, e depois de termos feito a nossa parte, isto é, de termos feito tudo o que pudermos para dar conta de nossa própria responsabilidade com o nosso Movimento.
E a esse respeito, vale lembrar o companheiro Manoel do Ó, que, aos 100 anos de idade, lembrava com saudade o tempo em que o Sindicato não recebia ajuda de ninguém, e a luta dependia, exclusivamente, dos esforços e contribuições dos próprios trabalhadores.
Um dos “Pensamentos do Presidente Mao”, nos tempos da “Revolução Cultural! Chinesa, dizia assim: “De cada um, conforme as suas possibilidades.” A cada um, conforme as suas necessidades.
Somos um Movimento de Trabalhadores Cristãos.
Trabalhadores e Trabalhadoras que se movimentam mobilizados e inspirados pela fé em Jesus Cristo, aquela mesma fé que animava a vida da Primeira Comunidade, de tal maneira que todos os que abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as coisas; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um. (...) A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum entre lês. (...) Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro e o colocavam aos pés dos apóstolos; depois, ele era distribuído a cada um conforme a sua necessidade (Atos dos Apóstolos 2, 44-45, 4, 32. 34-35).
Um presbítero do Maranhão, Pe. Hélio de Tutoia, nos começos das comunidades Eclesiais de Base, as CEBs, costumava dizer: “Evangelização que não atinge o bolso, não atinge o coração”.
- Quais as necessidades financeiras mais sérias de sua Equipe?... Como a Equipe tem dado conta delas?...
- Sua Equipe de MTC tem consciência das necessidades financeiras do conjunto do nosso Movimento, em nível loca, regional, nacional e internacional?... E como tem se comportado, praticamente, diante dessas necessidades?...
- A respeito de <<finanças>>, quais são, então, os maiores desafios para a vida de sua Equipe?... Como enfrentá-los?... Por onde começar?
Vamos conversar a partir do que anda acontecendo, de fato, em nossas equipes....
MULHERES RENDEIRAS: SUA LUTA E RESISTÊNCIA
Cícera Rodrigues (Santinha), Secretária de Comunicação
Após 10 anos de luta e resistência, nós militantes do MTC junto ao grupo de mulheres do Bairro José e Maria fomos reconhecidos por alguns órgãos da sociedade Petrolinense. Isso só aconteceu por causa das ações coletivas das mulheres que passaram pela Associação e que aprenderam uma arte e resolveram passar os seus conhecimentos para as outras mulheres.
Um fato para esclarecer a luta das mulheres:
Andressa de 9 anos hoje adolescente, que ia à Associação em companhia da avó Videlina, percebeu que a mesma saindo da escola não tinha com quem ficar, e aprendeu a arte de bordar. Indo morar em um assentamento resolveu ensinar para outras crianças e adolescentes o que tinha aprendido. Foi ai que uma professora da UNIVASF (Universidade do Vale do São Francisco), procurou a presidente da Associação de Mulheres para ir com ela ao referido acampamento e juntas desenvolverem um trabalho de formação profissional e social.
A professora Avani resolveu apoiar a nossa luta, pois tínhamos um sonho de construir uma sede para atender melhor a todos e todas que nos procurassem com vontade de aprender alguma arte que venha melhorar a renda familiar. Nós Já tínhamos o terreno, mas nos faltavam condições para construir. A professora nos ajudou a conseguir parcerias com a UNIVASF e CODEVASF (Companhia desenvolvimento do vale do São Francisco) e assim construímos o espaço com três salas para as oficinas de arte, sendo uma destinada para as reuniões e palestras, porque não trabalhamos apenas o econômico, mas também o social, para a valorização da vida e da dignidade. Nessas salas conseguimos fazer cursos de autogestão e empreendedorismo através do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).
Um jovem filho de uma das associadas achou que devíamos nos preocupar também em proporcionar outros tipos de trabalho com outros jovens. Assim fizemos parceria com a FUNDARPE (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco), e hoje tem na Associação o grupo de Cultura Popular que ensina artes como: aula de violão, teatro, música e dança.
A Associação hoje não só trabalha com as mulheres mais com os jovens e adolescentes, muitos deles filhos das mulheres que fazem parte da mesma.
Por todo esse nosso esforço a Associação foi premiada pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) com o prêmio “mulheres empreendedoras”.
Notícias INFOR – MMTC
Ver – Julgar e Agir com solidariedade
Betina Beate, Secretária Geral MMTC
Feliz ano novo a todos nossos militantes e a todos os nossos leitores! Que a paz, saúde e a força acompanhe cada um de vocês
Com entusiasmo estamos dando grandes passos para alcançar nossas metas e que a solidariedade esteja presente em nossos trabalhos diários.
Esta solidariedade que nos caracteriza, mostrou-se no ano passado quando pedimos através de uma campanha organizada pelo MMTC o apoio aconteceu para a reconstrução da sede da ACO no Haiti. Em janeiro de 2010 um forte terremoto sacudiu Porto Príncipe e seus arredores deixando o país devastado assim como o Movimento.
Alguns militantes da ACO do Haiti estão desaparecidos até os dias de hoje; alguns perderam suas casas, as crianças - suas escolas e a sede da ACO veio abaixo, junto com os esforços dos responsáveis para manter vivo o seu movimento.Nesta edição preparamos um pequeno informe sobre a campanha de solidariedade, na qual participaram muitos movimentos, seja do sul ou do norte fazendo o possível para a reorganização da ACO do Haiti. Foram dados os primeiros passos para a reconstrução do movimento, trata-se mais do que uma reconstrução fiscal do fortalecimento da estrutura da ACO e de seus grupos de base. Para isto colocou-se muita ênfase na revisão de vida.
A revisão de vida é o tesouro de nossos movimentos. É o que nos diferencia de outras organizações e é muito importante que sua prática não seja esquecida. É para isto que nós trabalhamos num artigo central nesta edição que nos mostra a experiência da ACO da França.
Assim mesmo trabalhamos pequenos artigos sobre a realidade e as ações atuais do movimento da Nigéria e da KAB da Alemanha. É necessário e importante que todos os movimentos se conheçam mutuamente. Desta maneira podemos coordenar nossas ações e aprender com as experiências dos demais. O INFOR e a INTRANET são duas ferramentas para conseguir este objetivo. Façamos uso delas. Todos os artigos sobre a vida de seu movimento serão bem vindos e podem ser publicados.
Sendo esta a primeira edição do INFOR que a nova equipe do MMTC eleita na Assembléia Geral de 2009 elabora, aproveitamentos Jeam Michel Lanoizelez, tesoureiro eleito e eu para saudar aos nossos militantes e nossos leitores e agradecer a confiança depositada em todos nós. Queremos apresentar uma visão geral do trabalho que tem feito a nova equipe durante seu primeiro ano no cargo, assim que nós apresentamos um resumo das atividades do Secretariado.
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