terça-feira, 3 de abril de 2012

MANISFESTO DA CLASSE TRABALHADORA

MANISFESTO DA CLASSE TRABALHADORA
Não somos máquinas, somos mãos que afagam e transformam.
Região Nordeste II
Companheiros e companheiras, trabalhadores e trabalhadoras:

A semana da Classe Trabalhadora, cujo enfoque foi SUAPE, foi motivada pelas denúncias vindas a público com a greve dos trabalhadores da construção civil pesada no Complexo Industrial de SUAPE. A semana promoveu debates com trabalhadores do Complexo SUAPE, com professores e alunos da universidade (UFPE), sindicatos, CUT e CSP-CONLUTAS, Ministério Público do trabalho, educadores populares e militantes cristãos.

A recente greve em SUAPE ocorreu de modo “espontâneo”, ou seja, foi mobilizada pelos trabalhadores, por melhorias nas condições de trabalho. No debate ocorrido durante a semana, identificou-se que as principais causas da greve advieram das extensas jornadas de trabalho, a baixa remuneração e horas extras não remuneradas. A isto se somaram problemas de segurança do trabalho, situação esta que fica maquiada pelo não registro oficial de acidentes, quando pelo relato dos trabalhadores há mais de uma dezena de acidentes por dia. Estes acidentes além de não terem registros formais, não recebem assistência médica. As jornadas de trabalho são estendidas pelo tempo de percurso do transporte até o local das obras, por exemplo, um trabalhador (a) que mora em Olinda tem de acordar às quatro horas da manhã para estar em SUAPE por volta das 08h00minh. Os alojamentos dos trabalhadores migrantes que estão instalados em SUAPE têm funcionado como uma clausura, devido às condições de isolamento e ausência de infra-estrutura de moradia, cultura e lazer.

À realidade das condições de trabalho descritas, agregam-se impactos ambientais e sociais graves. Um exemplo é a desestruturação gerada na atividade da pesca das comunidades locais de pescadores (as), devido à destruição dos manguezais. Outro aspecto gerador de desagregação social, dizem respeito à instalação de redes de exploração sexual de crianças e adolescentes, consumo e tráfico de drogas – principalmente o crak - nos canteiros de obras em SUAPE.

Neste contexto de conflito de classe revelado pela greve, chamou atenção o tipo de intervenção do movimento sindical. A greve aconteceu contra a vontade da direção do sindicato. Esta crise de representação, no entanto não reduziu a vontade e capacidade de mobilização dos trabalhadores da construção civil pesada naquele município. Este fato nos revela um quadro atual da perda de combatividade de parte do movimento sindical e o crescimento do peleguismo. As burocratizações dos sindicatos os reduzem a meros mediadores legais dos conflitos entre empregador e empregado, conduzindo-os a uma postura de colaboração com os patrões. No município onde está localizado o Complexo de SUAPE, estão sendo criados “sindicatos cartoriais”, que antecipam sua criação legal da instalação dos empreendimentos e existência da categoria – a exemplo do sindicato de montadores de automóveis de Ipojuca.

Diante dessa situação nos cabe perguntar das características do modelo desenvolvimentista capitalista vigente na política atual do governo, pelo impacto que tem provocado quanto à flexibilização e perdas de garantias de direitos para toda a classe trabalhadora. Desenvolvimentismo que se pauta apenas em dois pilares: trabalho e arrecadação, como se a partir desses dois eixos a sociedade pudesse se equilibrar de modo automático, ficando as questões sociais e ambientais fora do planejamento.

Agrava essa situação descrita à desarticulação e ausência de intervenção dos movimentos sindicais e dos movimentos sociais, na defesa dos direitos dos trabalhadores e da população local de Suape. O que contribui para que o modelo de desenvolvimento em implantação não seja percebido para além do aspecto da criação de postos de emprego, encobrindo suas faces de exploração à classe trabalhadora, desagregação social e depredação ambiental.

Assumimos aqui nosso compromisso cristão de opção pelos pobres e defesas dos oprimidos, evocando a tradição profética do povo de Deus: “não oprimirás um assalariado pobre ou necessitado, quer seja um dos teus irmãos ou um estrangeiro que more na tua terra, em tua cidade. Pagar-lhe-ás o salário a cada dia, antes que o sol se ponha, porque ele é pobre e disso depende sua vida. Deste modo, ele não clamará lahweh contra ti, e em ti não haverá pecado” (Livro do Deuteronômio).

Perante tudo que foi colocado e, claro, de fatores que não foram abordados aqui, mas que também fazem parte do problema a cerca do Projeto de SUAPE e do modelo desenvolvimentista que impacta negativamente os direitos dos trabalhadores, nós do Movimento de Trabalhadores Cristãos lutamos por uma maior e melhor articulação dos movimentos sindicais e sociais em prol da causa dos trabalhadores (as). Mobilizaremos os trabalhadores para que se faça valer os direitos trabalhistas, com a devida atuação do Ministério do Trabalho, para que os trabalhadores e trabalhadoras vivam de forma digna. Cobraremos melhor atuação e representação dos governantes, para que dentro desse projeto de desenvolvimento sejam incluídas de modo urgente as questões sociais e ambientais e não só econômicas.

Para combater esse processo de exploração, de desarticulação e ausência de combatividade política atual dos movimentos, o MTC convoca toda a sociedade, para nos unirmos ao Grito dos Excluídos, para clamar numa voz:Pela vida grita a terra... por direitos, todos nós!. Vimos somar solidariedade aos trabalhadores e movimentos sociais mobilizados em lutas como a de SUAPE - Pernambuco PE, nos acampamentos das obras da Política de Aceleração do Crescimento (PAC) em Girau- Roraima (RO), Belo Monte - PA, Pecém- Ceará, Cabrobó, Acampamento Terra Livre dos Povos Indígenas acampados em Brasília para defesa dos seus territórios, contra a instalação de empreendimentos em suas áreas.

Unimos-nos também ao MMTC na sua luta pela construção de condições dignas para os trabalhadores migrantes em âmbito internacional, no intuito de mudar a situação atual, “na qual as pessoas se vêm obrigadas a aceitar trabalhos mal remunerados, em atividades danosas para a saúde e esgotadoras; têm de viver em condições insalubres e isoladas, pagar alugueis caríssimos sem a possibilidade de manter contato regular com seus familiares e sendo desrespeitadas e discriminadas pela comunidade em que vivem”. É para isso que o MTC vive e luta!



Dia Mundial do Trabalho
Participaram da preparação e celebração pelo MTC os integrantes Zélio da Equipe Lindéia I, Padre Ferreira, Corália, Flor de Maio e Tia Cléa da Equipe Recriar Contagem - MG


Manifesto aos trabalhadores e trabalhadoras no dia 1º de maio de 2011, pela 34ª celebração marcada com mais de 4000 trabalhadores e trabalhadoras da grande BH e no município de Contagem, onde muitos chegam a caminhar quase duas horas até o local da celebração campal: Região Episcopal de Nossa Senhora Aparecida, na festa de São José Operário, patrono dos trabalhadores e trabalhadoras.

MANIFESTO AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS

Nós, povo de Deus, trabalhadores e trabalhado­ras da Região Episcopal Nossa Senhora Aparecida, nos reunimos aqui para celebrar a festa da vida. Cons­cientes dos desafios que a Campanha da Fraternida­de nos coloca, manifestamos nossa solidariedade as mais diversas iniciativas em defesa da vida no planeta, organizada pelos irmãos e irmãs de nossas paróquias e comunidades, dentre as quais destacamos:

  1. O Parque Estadual do Rola Moça que tem sido objeto de frequentes tentativas de redução de sua área por parte das mineradoras e do poder econômi­co. Situado nos municípios de lbirité, Nova Lima, Belo Horizonte e Brumadinho, abriga muitas nas­centes responsáveis pelo abastecimento de água dessas e de outras cidades. Há muitos religiosos, religiosas, pessoas de boa vontade e comunida­des participando das iniciativas de preservação do parque, especialmente na região do Barreiro.
  2. As iniciativas de resistência das paróquias e co­munidades da Forania São Caetano e de todo Vale do Paraopeba em relação à instalação de novas mineradoras que com suas ações vi­sam apenas o lucro desmedido, destroem o meio ambiente e desapropriam inúmeras famílias, cau­sando impactos culturais e ambientais na vida das comunidades.
  3. A preservação da Represa de Várzea das Flores é importante patrimônio ambiental, construído na década de setenta para atender a demanda de água de Betim e Contagem. A represa teve suas margens ocupadas por construções industriais, comerciais e residenciais gerando poluição e des­matamento. A água tornou-se foco de doenças para a população local, motivando campanhas de conscientização e preservação com muito envolvimento de padres e comunida­des de seu entorno.
  4. O movimento pró-metrô coloca em questão as condições de transporte dos trabalhadores e trabalhadoras da Região Metropolitana de Belo Horizonte e ajuda a refletir sobre a utilização de transporte coletivo em detrimento do transporte individual que tanto impacta a mobilidade urba­na na vida das grandes cidades. Desde 2008 o movimento conta com importante participação de religiosos, padres e leigos das paróquias e comunidades da região do Barreiro.
  5. A luta pela manutenção do Parque das Águas, como importante espaço de convivência que pro­porciona maior qualidade de vida para a região do Barreiro de Cima, com forte presença da paróquia Cristo Redentor, na Forania de São Paulo da Cruz.
  6. A histórica da perseverança dos catadores e cata­doras de materiais recicláveis são acompanhados pela Pastoral de Rua de Contagem. Esses com seu trabalho e esforço vem contribuindo para manu­tenção da limpeza da cidade, além de serem instru­mento de renda para inúmeras famílias.

Somam-se a essas e diversas outras vivências, as comunidades no campo da formação de consciência e da busca por novos valores sociais, experiências de medicina alternativa, agricultura urbana e familiar, empreendimentos de economia solidária e tantas outras formas que apontam novos mecanismos de se relacionarem com nosso planeta.

Ao mesmo tempo em que somos solidários a essas iniciativas, queremos, enquanto cristãos compro­metidos com os valores de uma sociedade mais jus­ta e solidária, EXIGIR dos governantes, políticas mais eficazes na defesa do meio ambiente. Entre essas devemos destacar a implantação de postos de coletas seletivas, investimentos de saneamento básico e de infra-estrutura urbana, manutenção do Código Flores­tal impedindo maior degradação ambiental e políticas de incentivo à agricultura familiar urbana, com produ­ção de alimentos sem o uso de agrotóxicos.

O 1° de Maio é também um dia de indignação con­tra toda forma de opressão que continua passando a grande massa de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade. É hora também de denunciar as condições de trabalho e salário da maioria de irmãos e irmãs que, ainda hoje, submetem-se a exaustivas horas de trabalho fazendo da redução da jornada de trabalho, sem diminuição de salário na pauta: cada vez mais urgente. Denunciamos também a precarieda­de do salário mínimo em contraponto aos constantes e abusivos aumentos de salários dos membros do Legis­lativo, Executivo e Judiciário. A vigência de um sistema discriminatório que faz com que negros e mulheres que ainda continuam recebendo salários menores ainda exercen­do as mesmas funções. Esta é a dupla, e algumas vezes até tripla jornada a que as mulheres precisam submeter-se. Esta é também a gravidade de, termos em nossas cidades, crianças e adolescentes trabalhando para complemen­tar a renda de suas famílias. Há que se lembrar ainda dos aposentados e aposentadas, nunca reconhecidos pelo bem que fizeram e ainda podem fazer pelo País convivendo, tantas vezes, com graves perdas salariais devido ao fator previdenciário. Denunciamos também as precárias condições de moradia, de saúde, urbani­zação, de acesso à cultura, ao lazer e a educação de qualidade de grande parte do povo brasileiro. Esta é a violên­cia que extermina nossos jovens. A segurança pública neste sentido torna-se ineficaz, um sistema punitivo e violento sem solução para os problemas da criminalidade que desrespei­ta os direitos humanos e a cidadania.

Como cristãos não podemos nos calar diante de tantos fatos que ferem a dignidade da pessoa huma­na, criada a imagem e semelhança de Deus, pois "se nós calarmos as pedras falarão". Que Nossa Senho­ra Aparecida padroeira do Brasil e São José Operário protetor dos trabalhadores e trabalhadoras acompa­nhem todas as pessoas que, pelo seu trabalho, cons­troem condições dignas para sua família, buscam o bem comum e protegem a vida em nosso planeta re­forçando sempre a opção evangélica pelos empobre­cidos e colocando-nos sempre verdadeiramente como uma "Igreja viva Sempre em Missão".

1° de maio de 2011,

Festa de são José Operário rumo ao centenário da cidade de Contagem

REGIÃO EPISCOPAL NOSSA SENHORA APARECIDA

ARQUIDIOCESE DE BELO HORIZONTE
EM BUSCA DA IDENTIDADE DA CLASSE TRABALHADORA DO NORTE E NORDESTE
Pe. Francisco José Ramos
Assistente Nacional Adjunto


É um grande desafio hoje procurar identificar a identidade da Classe Trabalhadora no Brasil e no mundo. Há muitas transformações no mundo do trabalho, com a globalização da economia, a introdução de novas tecnologias, altamente especializadas e complexas, a nova linguagem do neocapitalismo e suas artimanhas para alienar os trabalhadores e trabalhadoras da produção de seu trabalho.

Para se ter uma identidade da classe seria talvez importante se ter um perfil mais preciso da classe trabalhadora. E não é fácil dada a complexidade das relações de trabalho. É uma tarefa desafiadora para todo o movimento e particularmente para seus militantes. A Pesquisa-Campanha destes dois anos pode nos oferecer subsídios para conhecer melhor e mais profundamente o que se passa na cabeça e na mente dos companheiros e companheiras de todo o Brasil.

NO NORTE E NORDESTE

No norte e nordeste os desafios são ainda maiores por conta do tamanho das regiões. A industrialização é recente, em regiões, que tiveram durante muitos anos, como se costuma dizer, uma vocação para a agricultura. A cultura dos homens e mulheres do campo se choca com a cultura das cidades. Na última década, com o governo do presidente Lula, houve um incremento da industrialização nestas regiões, mexendo com o universo cultural dos trabalhadores e trabalhadoras. A luta pela sobrevivência, o medo de perder o emprego e até a participação em sindicatos, dificultam uma tomada de consciência, sobretudo para lutar contra as injustiças. A falta de qualificação, muitas vezes, empurra os trabalhadores e trabalhadoras para serviços precários.

Pelo o que se observa, pelo relato dos militantes, falta uma consciência de classe. Hoje se discute, em alguns ambientes, se ainda existe classe operária. O próprio sistema capitalista tenta passar a idéia que não existe mais uma classe especifica, que é explorada. Nas empresas os trabalhadores e trabalhadoras são chamados (as) colaboradores e associados, sem que recebam participação dos lucros. É um verdadeiro atentado à vida, explorada pelas jornadas excessivas de trabalho, pela precarização, insalubridade, salários injustos e assédio moral.

É importante se ter uma radiografia para uma atuação mais eficaz e abrangente. Volto a afirmar que a Pesquisa Campanha será de grande valia e é importante que todos (as), os (as) militantes se mobilizem, saiam do marasmo, da acomodação e vistam a “camisa” para que possamos avançar nesta luta desigual entre o capital e o trabalho. Avante, militantes! Salve a classe trabalhadora do Brasil, sil, sil

EM BUSCA DA IDENTIDADE DA CLASSE TRABALHADORA – Sul e Sudeste
Pe. José Ferreira Filho, mo
Assistente Nacional do MTC

Para o MTC a pertença à classe trabalhadora é uma questão de identidade. É questão de “ser ou não ser”. Ser Operário (a), ser Trabalhador (a) é o nosso “DNA” Social que revela a que classe pertencemos.

Lemos em nossa Declaração de Princípios: “....o MTC tem um duplo compromisso: com a Classe Trabalhadora e com Jesus Cristo”(Cf.1.1).

Diante das desarticulações, esfacelamentos e novas configurações que nos últimos 20 anos confundem e obscurecem a identidade dos (as) trabalhadores (as) que vivem de salário, o MTC reage e se mobiliza propondo uma séria reflexão sobre a Identidade da Classe Trabalhadora.

A programação para os 4 anos coloca corajosamente como eixo central para a nossa formação o tema “CLASSE TRABALHADORA”. Nesse sentido nosso subsídio simples da PESQUISA CAMPANHA é um eficaz instrumento que nos ajudará desde as Equipes de Base até em nossos seminários Regionais e outras atividades.

Não é uma tarefa fácil, simples. O fenômeno atinge os (as) trabalhadores (as) do mundo inteiro. É o processo da globalização Capitalista Neoliberal. É muito amplo e profundo. Precisamos de empenho, serenidade e coragem.

Tendo uma visão Global do fenômeno não podemos perder o foco nacional e local mais próximo a nós onde a vida acontece.

Por outro lado, o nosso compromisso com Jesus Cristo nos leva a pensar MAIOR. Leva-nos a olhar para além das limitadas fronteiras nacionais, profissionais ou de categorias corporativas, sindicais e partidárias que são com toda certeza indispensáveis para nossa organização como classe.
Nosso compromisso com a Classe Trabalhadora e com Jesus Cristo não nos permite ter um olhar míope, estreito, pequeno. Nossa identidade genuína de Trabalhadores (as) Cristãos (ãs) nos leva a olhar na direção de uma Nova Sociedade que seja Solidária, sem explorados nem exploradores.

EM BUSCA DA IDENTIDADE DA CLASSE TRABALHADORA – SUL E SUDESTE
Pe. José Ferreira Filho, mo
Assistente Nacional do MTC

Confesso que assusta- me escrever sobre a realidade da Classe Trabalhadora no Sul e no Sudeste em espaço tão pequeno.

Podemos VER, em geral, uma tentativa de NEGAR sistematicamente a condição de trabalhadores (as), operários (as) daqueles (as) que vivem da VENDA de SUA-MÃO-OBRA, de sua força de trabalho por um salário.

Ora, viver com o salário pago pelo trabalho realizado é uma das características fundamentais da Classe Operária, Trabalhadora.

A NEGAÇÃO da condição de trabalhadores (as) acontece de vários modos. Um dos mais freqüentes é pela insistência em “denominar”, “apelidar” os (as) trabalhadores (as) de “associados (as)” como se fossem “donos (as)” das empresas e como se essas fossem cooperativas. Ora, as empresas têm donos. Os donos são patrões. E onde há patrão existe empregado. Existe assalariado. Existe operário. É preciso desmascarar esta fraude.

Outro modo é tentar esvaziar as categorias através de mecanismos que “ampliam” suas atribuições e funções. É a ideologia da qualidade total onde todos (as) fazem de tudo. Este mecanismo elimina as categorias, acirra a competição entre os empregados de uma mesma empresa através de “avaliações” periódicas de “desempenho”. Isto enfraquece a solidariedade entre os (as) trabalhadores (as). Cada um enxerga o (a) outro (a) como “concorrente” e não como “COMPANHEIRO (A)”.

Podemos VER nos últimos tempos alguns fatos novos que merecem nossa reflexão. A greve dos mais de 500 operários da construção civil que trabalham na reforma do Mineirão em vista da Copa.

A reivindicação por salário justo da categoria dos Bombeiros do Rio de Janeiro. A greve dos Professores das redes municipais e estaduais.

A organização dos Catadores de Materiais Recicláveis. Em BH Criaram uma cooperativa – A CATAUNIDOS – que reúne mais de 9 associações na região Metropolitana. E através do Movimento Nacional dos Catadores buscam o reconhecimento de seu trabalho ambiental através de políticas públicas de inclusão social dos(as) catadores(as). Vemos que a luta é grande!

PESQUISACAMPANHA EQUIPE NOSSA SENHORA DAS GRAÇASSETE LAGOAS
(TRABALHO E CONSCIÊNCIA DE CLASSE).
CAPA: BOA ESCOLHA

FATO:

Glória: A sociedade impõe ritmo acelerado, o ritmo das máquinas. Tem gente que está com a saúde boa, e acha que esse ritmo é normal é humano.

Pincel – tem gente que tem medo de perder o emprego, por isso não luta por melhorias. Na IVECO os trabalhadores não podem ir ao banheiro, fora do horário estabelecido pela empresa. Gente de fora, de outra cidade não quer ficar aqui porque ganha metade do salário que ganharia na cidade de origem.

Maria – no século XXI e ainda tem gente que acha normal trabalhar assim.

Antonina – a Vilma, sua diarista, só assenta para comer, tem que pedir para almoçar na mesa. Ela mesma se explora no trabalho. Sua irmã trabalha como cuidadora de doente, e a família está acrescentando tarefas, aumentou um doente, tem que fazer almoço e cuidar da casa. Ela não está suportando mais a carga de trabalho. A visão do explorado e explorador. O explorador e o que deixa se explorar.

Mariatem uma vizinha que trabalha alguns dias no EPA e recebe por horas trabalhadas que um salário de 300,00 no fim do mês. As empresas tentam amaciar as coisas chamando o trabalhador (a) de líder o e colaborador .

Glóriana escola as pessoas acham que bibliotecária não tem serviço, por isso ficam delegando outros serviços. Na escola onde trabalhava fazia de tudo, ficava na sala quando faltava professora, rodava matriz no stencil, digitava as provas do bimestre, etc. Quando ia atender os alunos na biblioteca não tinha nada planejado e passava aberto com os alunos (as). Agora na atual escola, as tarefas estão organizadas e posso ficar exclusivamente no atendimento aos alunos. Tenho planejado as atividades e lido bastante. A companheira que trabalhava na escola aconselhou-me a não assumir nenhuma tarefa que não seja da nossa competência, a não ser em situações inesperadas.

Maristela – conta a origem do fato que escolheu para o VER da pesquisa-campanha, - situação da UNIMED.

2 – Tchó – A sua equipe de trabalho era composta por 4, hoje é composta por 3, porque um saiu, parece que só trabalhava por dinheiro, os outros aceitavam pagar pequenas despesas para continuar o trabalho, que beneficiavam pessoas. Acho que ele saiu por causa disso, preferia que o trabalho parasse por falta de dinheiro, mesmo que fosse por pouco dinheiro. O trabalho significa muitas coisas, quando vai servir o outro.

Tê – significa muito, este ano completa 22 anos de aposentadoria, Está feliz, porque conseguiu arrumar e comprar a sepultura da mãe. Trabalhou muito na escola, por último fazia merenda, ex-alunos que a interpelam, querem ser reconhecidos, lembram da comida. A escola era uma como família e para os alunos significou muito. Uma ex-patroa perguntou por que não fazia salgados para vender, respondeu que nunca parou, sempre tem algo para fazer.

Antoninatrabalhar é bom, uma realização, mas não foi para mim. Nunca me dediquei ao trabalho, sempre participei da luta sindical. Não investi na carreira como Maristela fez. Ao final de todas as férias era um sofrimento pensar que ia voltar para sala de aula. Para outras pessoas vêem como castigo.

Uma pessoa que tece o pano, que fabrica o sapato vai beneficiar outras pessoas. É solidariedade entre pessoas.

Glóriacomeçou a trabalhar com 15 anos de idade, não teve parâmetros, uma vez adoeceu, ficou 11 dias de licença voltou, fraca, o chefe não entendeu sua dificuldade, trabalhava, em época de muito movimento, até 12 horas por dia. Hoje ainda sofre com as conseqüências. Gostou muito do período que ficou no comércio, mas depois resolveu sair, não queria e nem se sentia bem vendendo livros, queria na verdade dar os livros para as pessoas. Durante um período teve jornada dupla de trabalho, ganhou dinheiro, mas perdeu qualidade de vida. Agora tem um emprego e está muito feliz.

Pincel – depois que aposentou quis trabalhar novamente. Consegui um trabalho muito pesado que com o tempo não suportou e pediu para sair. Arrumou outro trabalho, à noite quando foi muito perseguido, depois seu horário foi alterado e passou a trabalhar durante o dia, o horário nobre da empresa. Quando essa empresa terceirizou alguns serviços resolveu deixar o trabalho formal, decidiu trabalhar em casa.

Maristela – considera o trabalho muito importante, responsável pela saúde mental. É bom saber que colaborou e significou na vida dos ex-alunos.

2 e 3Antoninatrabalho informal e formal, aqui estamos informalmente. Trabalho é fonte de vida... não ser feliz... às vezes se deparou com isto... não era vocacionada, sofreu muito, foi líder sindical, teve conflitos com chefias. Nem sempre as pessoas são felizes... muitas vezes trabalham porque precisam.

Tchó – sempre teve atritos com chefes, mas sempre teve respeito... em 1979, a delegada de ensino chamou atenção, falou que iria perder o emprego, se continuasse na greve, respondeu que o Estado ia perder um ótimo funcionário. Na delegacia perguntaram ao Milton se ele tinha coragem de colocar um petista no cargo e ele respondeu que 10 tchós fariam a delegacia andar. O seu pai estimulava ao trabalho: ensinou que tem coisa que a gente faz por gostar outras por necessidade, então temos que aprender a gostar do que somos obrigados a fazer.

Antonina – trabalho significa independência, principalmente para as mulheres. No mundo de hoje as pessoas tem mais possibilidades de descobrir vocações, recurso que não teve acesso quando jovem.

Pincel – carta de apresentação da Calsete para Formin foi fácil conseguir, apesar de enfrentar os chefes, sempre teve uma relação de respeito com eles. Até hoje tem amizade com os chefes.

JULGAR

1 – É necessário porque grande parte da vida é no trabalho. Consciência, organização e solidariedade. As melhorias dependem da consciência de cada um. É preciso entender que o ser humano tem limites físicos. Lembrou que já reivindicou o adicional de insalubridade para a função de bibliotecária, mas nunca concederam o adicional.

Tchó – as melhorias precisam da solidariedade dos companheiros de trabalho.

Maristelao SAAE no início dessa atual gestão queria impor aos funcionários que o horário de almoço fosse cumprido no local da obra, onde estivessem. Os trabalhadores brigaram e conseguiram garantir local e horário de almoço digno. As conquistas trabalhistas também dependem dos patrões.

Tchó – a OIT – Organização Internacional do Trabalho – é composta por 3 partes (12 representantes por país) cria resoluções a partir de experiências para o mundo todo. Já lutamos muito para fazer valer a resolução que garante a liberdade dos trabalhadores se organizarem em sindicatos.

Antoninaa China tem u governo que dita às regras e a mão-de-obra é muito explorada.

Passagem bíblica –

Antonina – o pressuposto é se temos noção de classe trabalhadora.

Glóriana totalidade não, mas muitos que estão inseridos em instituições, têm consciência de classe. A missão é faze o/a trabalhador (a) entender que tem poder .

Tchóo que é essa classe? Quem compõe? Os trabalhadores têm sabedoria? A Classe é formada por pessoas. Mesmo quando os/as trabalhador (as) usam mal as conquistas eles/elas tem sabedoria: seguro desemprego, preferem arrumar umbicoe continuar recebendo o seguro.

Quando o sujeito inventa um jeito melhor de fazer algo, é sabedoria. Quando o Pincel incentiva e dá idéias para as pessoas é sabedoria.

Criação de sindicatos, centrais sindicais é sabedoria.

Por que os sindicatos não ajudam? Precisa de consciência e de união. A classe trabalhadora... parte tem consciência e parte não tem.

Tchó – Cristo também passou por uma conscientização, pensava que era com os doutores, na sinagoga, que deveria ficar. Para ter consciência de classe é preciso passar por etapas. A gente mesma...

Maria – o que falta também é trabalhador descobrir o seu valor, sua importância e aí não se forma.

Glória – as faxineiras, das escolas, não param junto com as professoras, porque acham que não têm importância.

Antoninalembrou que por meio das greves conquistaram a jornada de 30 horas para as faxineiras, Auxiliares de Educação Básica, nas escolas públicas.

Tchó – disse que temos de usar mais a música. Muita coisa se aprende, precisamos criar as nossas músicas.

A consciência de classe se forma.

A missão ...

Maria - O caminho é árduo, nós hoje tentamos e não tivemos resultado.

Antonina – descompasso entre nossa capacidade de avaliar e agir.

Tchó = descobrir uma forma de ser missionário em Sete Lagoas. Como?

Maria – Remédio diz que na Espanha fazem 2 anos de evangelização, depois é que fazem o convite.

Antoninaconhecer está sociedade, as organizações filantrópicas m sucesso. A cidade elegeu Lula e agora Dilma.

Glória – já quis provocar uma revisão de vida sobre a sua participação na equipe. Sente-se incapaz de trazer mais pessoas para equipe, e sabe que todos esperam isso dela. Percebe que os outros são diferentes dela, apóiam sua militância, mas não querem estar com ela. Conclui que talvez não participem porque têm uma visão elitista da sociedade.

Antonina – destacou que na verdade Glória é que é diferente dos amigos e não o contrário. E disse que não temos consciência de classe. Lula falou em classe média e não classe trabalhadora. E lembrou que em Sete lagoas temos uma igreja que se acomodou desde de 1964.

Tchó – fez questionamentos: somos profetas? Quem são os profetas de hoje? Nós estamos tentando ser?

Antonina – disse que acha melhor nos perguntarmos quem é cristão e qual a sua missão.

AGIR

A pesquisa campanha deve ser um instrumento.

Tcho ficou encarregado de convidar Geraldo Alves para o encontro na sede do PT no dia 19/05.

Propor a realização da pesquisa-campanha no Sind-UTE.

COMO INDIVÍDUO: primeiro a vivência.

MORTE OU ESPERANÇA?
Diogo Bezerra, Região NE II

um tempo atrás, eu e meu irmão (Diêgo) estávamos conversando e refletindo sobre a vida quando ele me disse o seguinte:a humanidade evolui para sua própria destruição1. Foi uma reflexão bastante pessimista para um garoto que na época tinha menos de 20 anos. Pensar nisso é doloroso, mas as vezes, infelizmente, começo a acreditar no que ele me disse. Digo isso porque poucos dias vi mais uma vez o véu da morte se estender sobre a humanidade e celebrar vitória.

Em 2 de maio de 2011 os E.U.A conseguiram mais umavitóriacontra o terrorismo: Osama Bin Laden foi executado. A América do Norte conseguiu tirar a vida de mais um terrorista que ela mesma criou. Com isso Barack Obama garantiu seubom governo, subindo, inclusive, 9 (nove) pontos de popularidade imediatamente após a notícia da morte de Bin Laden. E provavelmente a figura política de Barack Obama será mais lembrada na história comoo homem que conseguiu matar o terrorista mais procurado do mundo, do que como o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Então, provavelmente, Obama será mais lembrado por ter conseguido uma vitória pela morte, do que por ter conseguido uma vitória contra a morte (a luta contra o preconceito racialproblema social latente naquele país).

E que não venham me dizer que a (suposta) luta dos E.U.A contra o terrorismo é legítima. Pois, quanto mais terroristas (ou ditadores sanguinários a exemplo de Saddan Hussein) os E.U.A terão de criar apenas para alimentar seu comércio da guerra (o comércio da morte). Nem tampouco venham me dizer que vil atitude foi por justiça aos mortos de 11 de setembro de 2001, se são os Estados Unidos e sua sede imperialista insaciável que plantam e germinam sementes de injustiça e morte em todo lugar.

Ora, não digo isso sem fundamentos, para exemplificar nem precisar ir longe, basta lembrar a recente história brasileira: quantos homens e mulheres não morreram por causa da Ditadura Militar financiada e orquestrada pelas norte-americanos em sua luta para combater o avanço comunista no país. Se quiser um caso mais cruel (se assim posso colocar), basta lembrar os ataques nucleares, promovidos pelos Estados Unidos, contra Hiroshima e Nagasaki no fim da II Guerra Mundial. Ataques nos quais se estima o número total de mortos de 140 mil em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki. Isso, sem contar as consequências maléficas posteriores, oriundas da exposição à radiação nuclear. Certamente essa foi a maior ação terrorista da história da humanidade.

E nesse cenário de morte, o que vemos: a América e o ocidente felizes. Que tolice! Até quando se exaltará o derramamento de sangue e a morte em nome de uma suposta paz?

E pior. A este fato horrível e desumano dar-se apenas um mero cartaz jornalístico. Isso sem contar o modo como a notícia chega até nós. A mídia lança uma enxurrada de notícias superficiais (quando não manipuladas) e tão repetitivamente que não nos possibilita sequer pensar direito sobre o assunto e no máximo ficamos indignados (claro, não poderíamos deixar de ficar). Até o ponto que ficamos cansados da mesma coisa o tempo inteiro e acabamos por deixar de lado mais um grande problema que atinge a humanidade sem ao menos refletir criticamente sobre o acontecido2. E o fato será lembrado3 novamente depois de uma nova ocorrência de terrorismo. E novamente: outro bombardeio de notícias, rápidas indignações sem a devida reflexão e a inércia social.

Não estou aqui, contudo, promovendo uma defesa à Osama Bin Laden, pois como disse Leonardo Boff, em seu artigoFez-se vingança, não justiça: alguém precisa ser  inimigo de si mesmo e contrário aos valores humanitários mínimos se aprovasse o nefasto crime do terrorismo da Al Qaeda do 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque. Nem tampouco defendo que todos os norte-americanos são adeptos da violência promovida por seu país. Aqui, tento apenas oferecer um ponto de partida para uma reflexão humanística sobre nossos valores e sobre nossas prioridades. Pois por muitas vezes não entendo: estamos aceitandovivernuma condição lamentável, na qual se vive por nada, se mata por tudo. Sobrevivemosenquanto todo mundo espera a cura do mal, e a loucura finge que isso tudo é normal.4

E perceba: à morte de Bin Laden, esse fato desumano, foi dado ainda uma conotação de esperança. Algo que enxergo como sendo uma distorção total de nossos valores humanos e que chega a ser doentio. A esperança, pois, promovida pelo discurso norte americano nasce deturpada, trás consigo o fardo da morte. Esperança tal que se alimenta com o desejo de exterminar todos aqueles considerados terrorista pelos E.U.A, pois os americanos sabem que com a morte de Bin Laden os ataques terroristas podem até ser intensificados, o que resultará numa resposta de guerra mais firme ainda (se é possível) dos E.U.A O palco da morte e da falsa esperança está montado, os atores da desumanidade em cena e todos assistiram ao horror desse anti-espetáculo.

Não podemos mais aceitar esse regime de medo e morte. É acreditando nisso que defendo outro modo de esperança. Defendo uma esperança que deve ter início a partir de uma reflexão crítica da configuração social do mundo. Porém, esperança que, essencialmente, deve brotar da em pessoas que trabalham e lutam com muito esforço e dedicação para fazer aflorar em nossa sociedade a justiça social. Esperança nas pessoas que fazem da sua existência um meio disseminador de liberdade para todas as formas de saberes e sabores. Esperança naqueles que através das artes apontam para as mais diversas formas de amar e ser feliz em conjunto. nas pessoas que percebem no amor uma força que nos liberta e impulsiona à vida e para a vida, acreditando que o verdadeiro sentido de viver é poder sentir e realizar as emoções desse grande amor.

Talvez para muitos essas palavras soem como um discurso clichê, mas não o é. Pois como disse no início do parágrafo anterior, a esperança deve ter início com a reflexão. Então, concordando com os ensinamentos de Paulo Freire, acredito que toda ação subjetiva é em si uma ação objetiva5. Portanto, se partimos de uma reflexão crítica sobre o mundo e acrescentarmos a ela a reflexão sobre as esperança que buscam por liberdade, amor e justiça social, iremos caminhar em direção a uma ação objetiva real e prática que lute pela existencialidade digna da condição humana. Essa é a esperança que germina vida e é a opção que faço para viver.

Notas

1. (Aconselho ler esta nota após a leitura do texto). Se analisar a frase a humanidade evolui para sua própria destruição de modo mais preciso ela, em si mesma, poderia ser considerada contraditória, tendo em vista que a palavra evolução é utilizada comumente num sentido de: melhoria, crescimento, desenvolvimento, aperfeiçoamento do domínio do ser humano sobre a natureza e sobre os meios tecnológicos. E o sentido de destruição, por sua vez, seria o contrário: devastação, ruína, fim do que foi construído. Nesse sentido, então, a frase seria um contra-senso.

Entretanto, na nossa sociedadea qual deveria ser supostamentemais aptana luta pela sobrevivência humana devido ao alto grau tecnológico que hojeo uso dodesenvolvimentoé, muitas vezes, utilizado apenas para segregar, humilhar, explorar, impor pela força e aniquilar aquele que é colocado comoo outro. Interna ou externamente, em qualquer sociedade se percebe que aquele outro (o diferente de mim- que pode ser um indivíduo ou um grupo) não pode ficar contra os interesses egoístas hegemônico naquele contexto social com o risco eminente de seu extermínio. (AssistamO senhor das Armas,O Jardineiro Fiel,Amor sem fronteiras,O poderoso Chefão,Diamante de sangue, dentre vários outros filmes e essa ideia ficará mais clara). Nessa perspectiva, portanto, a construção da frase foi correta e coerente.

2. Tem-se de considerar ainda o fator tempo (matéria-prima primordial para o exercício da reflexão), ou melhor dizendo, a falta dele (tempo que nos é roubado pelo capitalismo para produção damais-valia), como argumento e, evidentemente, como causa para toda falta de reflexão sobre e ação contra tudo aquilo que destrói a dignidade da existência humana.

3. Provavelmente você ao ler esse texto não lembre mais desse fato, exatamente pelo motivo que coloquei na nota 2.

4. Parte da músicaPACIÊNCIAcomposta e interpretada por Lenine.

5. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 17ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987.

O KWIT E DO IRAQUE PARA O JARDIM DOS PEQUIS
MUDANÇA DE BAIRRO E MUDANÇA DE VIDA
Tchó - Geraldo F. Barbosa
Equipe N. S. das Graças
Sete Lagoas – MG

Sete Lagoas é hoje uma cidade de porte médio com uma população ao redor de 210 mil habitantes e está próxima da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Com os vários desmembramentos territoriais ocorridos no século passado sua área é muito diminuta e praticamente não tem uma zona rural e o espaço urbano é cada vez mais comprimido e mais disputado pela especulação imobiliária. As populações mais pobres, consequentemente, não encontram lugares onde construir as suas moradias corretamente, do ponto de vista legal e ambiental.

Nos anos 80/90 dois aglomerados foram surgindo nas margens e nascentes de dois córregos em áreas de preservação ambiental permanente, impróprias para construção. Talvez por causa dos conflitos do Oriente Médio, à época, esses aglomerados receberam apelidos de Kwait e Iraque.

A situação das pessoas, sobretudo as mais pobres, nessas áreas foi sempre tratada de forma assistencialista e de modo a render votos para políticos populistas e quase nada mudava nas vidas dos moradores e moradoras. Todo mundo acreditava ser dono, de fato e de direito, dos terrenos e das casas que se amontoavam em lugares insalubres e de difícil acesso, sujeitos a inundações, pragas e doenças.

Foi necessário o PAC, e com ele o PPI (Programa Prioritário de Intervenção) para que surgisse a possibilidade de moradias dignas para as populações afetadas.

O PAC/PPI de Sete Lagoas foi batizado com o nome DE MUDANÇA PARA O FUTURO e o novo bairro: JARDIM DOS PEQUIS. O bairro foi planejado pra receber 223 famílias originárias das favelas citadas e outras 17 de distintas áreas de risco do município.

Por força de leis federais todas as formações de novas comunidades devem ser acompanhadas por um Trabalho Social em duas etapas: o pré morar e o pós morar. Esta imposição legal deu origem a uma Equipe Social que trabalha lado a lado com a Engenharia e que se faz presente no meio das duas comunidadesno caso de Sete Lagoas.

Três grandes eixos norteiam o trabalho da Equipe Social: a vida em comunidade, o meio ambiente e a geração de trabalho e renda.

Depois de dois anos de trabalho (pré e pós morar) as casas estão ocupadas e as crianças brincam nas ruas. Muitas moradoras têm novas profissões (cabeleireiras, pedreiras de acabamento, costureiras em patchwork, por exemplo) e agora começa a ser criada uma Associação Comunitária.

Estou fazendo o curso de patchwork junto com as mulheres do Grupo ProdutivoMARIA DAS COREScom o intuito de fazer surgir um grupo de Economia Popular Solidária.

Trabalho e Direitos Humanos numa perspectiva Bíblica
Divino Lopes da Silveira,
militante do MTC,
militante do CEBI/RJ
Ao falamos em trabalho logo vem o fantasma do desemprego em nossas mentes. Todo ser humano tem direito ao trabalho, mas também inclui moradia digna e adequada; transporte digno, lazer, educação, condições de trabalho e salário justo.

O direito ao trabalho é um dos direitos humanos fundamentais, reconhecidos mundialmente e garantido expressamente pela Constituição brasileira. Justamente por ser um direito fundamental, o trabalho deve estar presente na vida das pessoas de modo digno e efetivo.

Nós vos rogamos que tenhais, consideração por aqueles que se afadigam no meio de vos , e venham por vos no senhor. Tende para com eles amor especial, por causa de seu trabalho. Vivei em paz uns com os outros. 1 TES 5, 12-13.

Nas grandes capitais de nosso país de certa forma os direitos humanos na questão do trabalho são camuflados e não aparecem porque ficam obscuros.

A terceirização retira direitos. Se você é terceirizado não tem os mesmo direitos que os outros trabalhadores da mesma empresa como plano de saúde, férias regulares, vale refeição e outros.

O transporte público de massa como sempre fala transporta massa e não seres humanos.

Quanto ao transporte, o cidadão se desgasta muito mais com a ida ou viagem ao trabalho do que o desempenho do trabalho em si.

Com as privatizações dos setores de transporte e a promessa de melhoras que nunca acontecem. Na cidade do Rio temos a SUPERVIA que opera os trens toda semana registram-se atrasos, variação de composições, agressão aos trabalhadores por guardas ferroviários e a Oportrans que opera o METRO, não é diferente.

O transporte aquaviário que transporta milhões de trabalhadores diariamente vem também tendo diversos problemas.

Naquele mesmo dia, Faraó deu ordem aos inspetores do povo e aos escribas dizendo Não deis mais palhas ao povo para fazer tijolos, como ontem e ante ontem. Eles mesmos que vão e ajuntem para si a palha. Exigiram deles a mesma quantia de tijolos que acontecia ontem e ante ontem. Não vos abstereis de nada, porque são preguiçosos. É por isso que clamam: Vamos sacrificar o nosso Deus! Torne-se pesado o serviço destes Homens, para que se apliquem a ele e não prestem atenção nas palavras mentirosas. Ex 5,6-9.

O trabalhador/a informal, com o desemprego, cresce a cada ano.

Acaba se acostumando com esta vida porque não têm mais vontade de trabalhar numa empresa para voltar à formalidade.

A maioria absoluta não tem direito à Previdência porque não têm vontade de contribuir para ter o beneficio. Não acessam o mercado financeiro, bancos e outros porque não são registrados.

Portando para ter direito a programas sociais têm muitas dificuldades.

A Constituição Federal prevê alguns direitos que chamam de fundamentais, são aqueles direitos básicos do ser humano.

Incluídos em tais direitos, estão os chamados direitos sociais - intimamente relacionados com o princípio da igualdade, previstos no artigo 6º: tais como direito à educação, à saúde, ao trabalho e à moradia. Conclui-se, portanto, que o direito ao trabalho é um direito fundamental e, portanto, deve ser plenamente garantido. :

Saiba o rei agora que, se esta cidade for reconstruída e restaurada suas muralhas, eles não pagarão imposto, nem tributos nem direitos de passagens, e meu rei será prejudicado. Esdras 5,13

Existe um tipo de trabalho nas grandes cidades que não é mencionado em nenhuma estatística; é uma população que fica vagando pelas ruas sem todos os direitos básicos: moradia, transporte, alimentação, família e etc.

Estou mencionando a população de rua que é de certa forma os mais excluídos da sociedade. O trabalho que esta população sobrevive catando papelão, pequenos serviços e mandados.

A ausência de direitos faz com que possamos refletir um pouco mais sobre preferências de uma igreja dos pobres e excluída.

As tentações que vos aconteceram, tiveram medidas humanas, Deus é Fiel; Não permitira que serás tentado acima de vossas forças. Mas com as tentações ele vos dará meios para sair dela e a força para suportar. 1 cor 10,13

Mas apesar das dificuldades, temos que ter esperança a qual vem com luta, militância e muita Fé no Deus da Vida.

O Rio de janeiro é cercado de comunidades, e no complexo do alemão há espaço onde reinava a droga, agora é espaço de esperança é possível ter transporte digno e outras melhorias mais.

O Brasil tinha uma taxa de desemprego em torno de 20%; hoje já está por volta de 8%. Isto significa que não conquistamos tudo, mas estamos no caminho certo.

O salário mínimo é reajustado acima da inflação, mas ainda queremos muito mais.

Temos mais escolas técnicas para os Jovens terem um futuro melhor.

Os trabalhadores/as domésticos/as ainda precisam de muitos direitos.

A democracia se conquista com a participação de todos.

Não adianta ficar de braços cruzados, temos que ir em frente.

Ele esperando contra toda esperança, creu e tornou – se assim o pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: Tal será tua dependência. Rm 4,18.

Blog: divinosilveira.webs.com

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